15.12.11

O Espírita, Deus, a Natureza e a Ciência

Pergunte a um jovem espírita: “Que é Deus?” e ele responderá de pronto: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.” Podendo até os mais estudiosos citar a fonte detalhada da resposta! Mas será que esta pergunta tem mais de uma resposta? Não estou querendo dizer que o Livro dos Espíritos esteja incompleto ou falho, mas sim que falta algo em nossa interpretação. Na pergunta n° 3 do mesmo livro, os espíritos afirmam que a linguagem humana é limitada demais para certas definições. Então, como entender as coisas que não conseguimos traduzir com palavras? Será possível?

Desde os primórdios da Terra, o homem tem em seu subconsciente a certeza da existência de um ser superior. É algo inato, um instinto! E, à medida que este homem foi evoluindo em conhecimento, foi tentando entender Deus com as ferramentas que possuia. Deus foi circunscrito em suas obras: no sol, na lua, nas estrelas etc. A natureza, portanto, foi considerada sagrada. Uma citação do autor Claudio Crow Quintino*, estudioso da cultura celta nos diz que: “As tradições ancestrais dos celtas na Irlanda nos mostram um povo que se via parte integrante da natureza, uma natureza toda ela sagrada, divina. Por ser divina, essa natureza era respeitada pelo celta, não porque fosse politicamente correto fazê-lo, mas sim como decorrência natural de sua espiritualidade, de sua religião. Para um celta, poluir um rio era o mesmo que sacrificar uma deusa”. E esta sacralização da Natureza foi perdendo força com a evolução do pensamento. A chuva deixou de ser uma dádiva dos deuses, para ser “um fenômeno meteorológico que consiste na precipitação de água sobre a superfície da Terra.”

Espírita, este não é um alerta para dizer que a ciência seja algo ruim, mas somente para destacar a importância de ver e ouvir com os sentidos da alma. Ver e ouvir com o coração.

Você sabe em qual fase da lua estamos? Sabe se em alguma árvore perto da sua casa há um ninho de passarinhos? Já procurou sentir o cheiro da chuva? Coisas simples... Formas de entrar em contato com o Criador através de suas obras.

Um escritor Libanês** de que gosto muito escreveu certa vez:

Quando os pássaros cantam, estarão chamando as flores nos campos, ou estão falando às árvores, ou apenas fazem eco ao murmúrio dos riachos? Pois o Homem, mesmo com seus conhecimentos, não consegue saber o que canta o pássaro, nem o que murmura o riacho, nem o que sussurram as ondas quando tocam as praias vagarosa e suavemente.

(...)

“Mas o coração do homem pode pressentir e entender o significado dessas melodias que tocam seus sentidos. A Sabedoria Eterna sempre lhe fala numa linguagem misteriosa; a Alma e a Natureza conversam entre si, enquanto o Homem permanece mudo e confuso.”

Faço-vos um convite!

Vamos sentir Deus, além de procurar entendê-Lo e definí-Lo.

Vamos contemplar Sua obra, até mesmo pela ótica da ciência, para chegar a conclusão do quanto Ele é maravilhoso! E vamos nos sentir parte de tudo isso!

Quem sabe assim consigamos entender realmente, com a mente e com o coração, a definição dos espíritos: “inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.



“Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17:28)



R. Mares



*trecho extraído do livro: O livro da Mitologia celta – São Paulo: Hi-Brasil Editora, 2002.

** trecho de Khalil Gibran, extraído do livro: A voz do Mestre. Tradução de Emil Farhat – 7ª. Edição. Rio de janeiro: Distribuidora Redord.

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